Programa de Estudos e Debates dos Povos Africanos e Afro-americanos

12/01/2015

Escolha da Deusa do Ébano será realizada no dia 24 na Sede do Ilê Aiyê, no Curuzu





No próximo dia 24, elas vão subir ao palco, na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê Aiyê, no Curuzu, para mostrar, por meio da dança, que querem ser a Deusa do Ébano. Apenas uma das 15 candidatas receberá a coroa, na Noite da Beleza Negra.






Por Anderson Sotero Do atarde

O presidente do bloco, Antonio Carlos, o Vovô do Ilê, dá dica para quem quer ser a vencedora: “Tem que ser uma negra consciente e apenas dançar bem. Esses são os dois aspectos mais importantes”, afirma.

A secretária-executiva Daniele Nascimento, 27, é uma das 15 pré-selecionadas – foram inscritas 60 mulheres. Ela concorre ao título pela sexta vez para realizar o sonho que tem desde criança.

“É um dos objetivos da minha vida. Venho me preparando e já criei experiência. Danço desde os 15 anos e sempre me assumi como negra na vida, no trabalho”, conta.

Daniele já tem até planos, caso seja escolhida. “Se eu ganhar, quero participar dos projetos sociais do bloco e representar as mulheres negras através do Ilê”, acrescenta.

Ação afirmativa

Para Vovô do Ilê, a importância do concurso, que está na 36ª edição, é contribuir para a autoestima da mulher negra: “Na Bahia, as rainhas de blocos e bailes dificilmente eram negras. Privilegiavam as de pele clara, lábios finos. A criação da Deusa do Ébano é uma das grandes ações afirmativas do Ilê”.

A arte-educadora Caroline Lopes, 20, concorre pela primeira vez. Moradora de Plataforma, no Subúrbio, ela conta que já está preparando a roupa que usará na noite da escolha da rainha. “Acho que o concurso tem tudo a ver com a minha identidade. É preciso destacar minha origem afro-brasileira”.

Assim como Daniele, a recepcionista Juciara do Espírito Santo, 33, também concorre pela sexta vez. Mas diz que a sensação, ao subir ao palco, é como se fosse a primeira vez. “O que me motivou a participar foi autoconfiança que o bloco propõe, de exaltar a beleza da mulher negra”, frisa Juciara.

Nascida e criada no Nordeste de Amaralina, ela lembra quando viu o Ilê passar, em 1990. Juciara tinha ido para a avenida, à noite, ver o desfile dos blocos afro.

“Quando vi o Ilê passar na avenida, me bateu a vontade de sair também. Naquela época, eu estudava e trabalhava. Não tinha como. Não sabia nem dançar. Investi em aulas de dança para me preparar. Em 2009, concorri pela primeira vez”, conta a candidata que já conseguiu ser rainha do Malê de Balê.

Desfile

Este ano, pela primeira vez, as candidatas que ficarem em segundo e terceiro lugar também desfilarão com a vencedora em um carro alegórico.

As três primeiras colocadas recebem ainda prêmios em dinheiro. Já a rainha, acompanhará e representará o Ilê Aiyê em apresentações dentro e fora do Brasil.

“Fizemos essa mudança para valorizar, além da primeira colocada, os outros dois lugares”, disse Vovô. A festa da escolha da rainha terá participação dos cantores Lazzo e o jamaicano Doutor Norrie Weir.

O primeiro ensaio do bloco acontece no próximo sábado, na Senzala, ás 22h. São convidados banda Mametto e o grupo Catadinho do Samba.

Fonte: A tarde

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