Programa de Estudos e Debates dos Povos Africanos e Afro-americanos

11/04/2013

Conselho de Igualdade Racial repudia trote racista e nazista na UFMG



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O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) demonstrou repúdio ao trote racista e nazista, que ocorreu em meados de março na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O CNPIR, que é vinculado à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República disse que devem ser punidos os responsáveis pelo trote. O documento foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (8) assinado pela ministra e presidente, Luiza Bairros.
Trote Direto UFMG
(Foto: Facebook/Thomaz Reis)
Estudante foi pintada com tinta negra, algemada e recebeu uma placa com os dizeres “caloura Chica da Silva”
Estudante foi pintada com tinta negra, algemada e recebeu uma placa com os dizeres “caloura Chica da Silva”

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Duas fotos do trote na UFMG repercutiram nas redes sociais nos últimos dias. Uma delas trazia uma mulher, pintada com tinta negra, acorrentada e portando uma placa com os dizeres “caloura Chica da Silva”, referindo-se à escrava, posteriormente alforriada, que viveu em Diamantina (MG), durante a segunda metade do século XVIII. Outra imagem mostrava um calouro amarrado a um poste com fita adesiva, ao lado de três colegas – um deles com bigode – em clara menção ao ditador alemão Adolf Hilter e sua saudação nazista.

Segundo o texto no DOU, a primeira foto “remete-nos à prática recorrente de menosprezo e depreciação da mulher negra, desta vez com alusão descabida à Francisca da Silva de Oliveira, conhecida como Chica da Silva, figura histórica, ligada ao estado de Minas Gerais que, tendo conquistado sua liberdade foi referência de ascensão social do negro durante o Império. Por sua altivez, e por ter ousado impor-se às ‘tradições’ e às expectativas sobre o comportamento dos negros em sua época, foi violentamente agredida em sua dignidade, tendo sido vítima de ofensas e achincalhes que se repetem nos dias de hoje, numa demonstração de perpetuação do racismo até mesmo em meios como o acadêmico, onde deveriam prevalecer os ideais dos Direitos Humanos e da civilidade”.

“Ademais, a situação oportuniza a observação de diferentes elementos da ação racista, discriminatória: a depreciação da imagem da pessoa negra, que é representada como objeto de escárnio e menosprezo; a inferiorizacão e desumanização da estudante negra, pintada de piche e puxada pelo aluno branco por uma corrente atada ao pescoço da "escrava"”, continuou o texto da publicação.

Para o conselho, o trote racista ofendeu o direito da pessoa e da população negra à dignidade e, por isso, o órgão exige que a UFMG tome as medidas cabíveis já que racismo é crime inafiançável.

Na ocasião, a UFMG repudiou a atitude dos alunos e divulgou nota dizendo que “já iniciou procedimentos cabíveis para apuração dos fatos e punição dos envolvidos”.

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