Agosto é mês da festa da irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, na cidade baiana de Cachoeira, uma tradição que se mantém desde 1820.
Durante cinco dias (de 13 a 17 de agosto), a cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano – a 116 quilômetros de Salvador – realiza a tradicional Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, que ocorre desde a época do Brasil Império com forte sincretismo religioso, com influências da religião católica e do candomblé.
A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é composta por uma confraria de 23 senhoras cujos requisitos são descender de escravos africanos e possuir mais de 50 anos de idade. A confraria surgiu quando um grupo de mulheres, ex-escravas, reuniu-se para conseguir a alforria de outros escravos do município. Essa tradição foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Bahia, em junho do ano passado, e passou a contar com o apoio do Governo do Estado para sua realização. O evento, que começa com a procissão das irmãs pelas ruas da cidade histórica em sinal de luto pela morte de Nossa Senhora, é carregado de fé e emoção e atrai milhares de turistas do mundo inteiro, principalmente, afro-americanos, interessados em cultura negra e religiosidade. Durante as festividades, são realizadas missas na Capela de Nossa Senhora d’Ajuda e oferecidos carurus e cozidos, típicos pratos da cultura afro-brasileira.
SACRO E PROFANO
Além da Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a cidade de Cachoeira, por si só, é uma atração para quem deseja visitá-la em agosto. De clima tranquilo, o município foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), possui uma rica arquitetura (depois de Salvador, é a cidade baiana que tem o maior acervo no estilo barroco do país). Para aqueles que gostam da natureza, os passeios de barco pelo leito do Rio Paraguaçu é uma ótima opção para desfrutar todas as belezas da cidade. Depois da procissão das irmãs, a última etapa da festa religiosa, a festa ganha o seu lado ‘profano’, com diversas atrações musicais e uma grande manifestação popular toma conta das ruas, um verdadeiro carnaval fora de época com ritmos musicais para todos os gostos.
13/8 - Ritual do traslado do esquife de Nossa Senhora, às 18 horas, com saída do anexo da Capela D’Ajuda, com destino à capela da Irmandade, onde haverá celebração religiosa em memória das irmãs falecidas.
14/8 - Procissão do enterro de Nossa Senhora, às 19h00. Parte da igreja da Irmandade e percorre as principais ruas do centro histórico de Cachoeira, seguida de filarmônicas que tocam marchas fúnebres.
15/8 - Cortejo que parte da igreja da Irmandade, após a missa marcada às 8h00. Integrantes da irmandade vestem beca, usam joias, mostram as contas de seus orixás, além de deixar a face vermelha do xale exposta. A Irmandade oferece um farto banquete com feijoada, assados e saladas.
16/8 - A Irmandade oferece à população o tradicional escaldado, com diversos tipos de carnes, verduras, legumes e pirão. Às 18h00, samba de roda.
17/8 - Nesse dia, também a partir das 18h, a festa continua com o samba de roda de Nossa Senhora e distribuição de caruru e mungunzá.
Fonte: Revista Raça
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